É aceite, e facilmente compreensível, que as bacias hidrográficas são espaços naturais que propiciam uma identidade de civilização que se vai fortalecendo com as relações entre povos que compartem afinidades, costumes e vizinhança, o que contribui para fluxos de intercâmbio de bens e serviços numa área comum. A idiossincrasia que originam estas bacias hidrográficas, modela o modo de ser dos povos que as habitam, sejam de uma ou outra nação. Portanto, estamos ante um fenómeno que não tem fronteiras.
Este processo que o tempo intenta consolidar, ressente-se ante decisões dos seres humanos, alheias por completo ao devir da natureza. Sucede assim no Val do Limia, e assim sucederá noutras bacias, onde entram em interesses confrontados o binómio espaço/homem. Pouco ou nada importa que haja mais de mil anos com a mesma língua e cultura e digamos com semelhantes sentimentos. Nada disto tem unificado critérios e aplanado bairrismos. Cumpre dizer que pouco ou quase nada temos aprendido do nosso rio.
Vendo esfumar estes pretextos, derivados de posições contranaturais, parece que chegou o momento de conjugarmos esforços para reunir as partes não por imperativo político, mas ao menos nas condições de desenvolvimento económico, social e desportivo. Numa macro-euro-região como a de Galicia – Norte de Portugal, de mais de seis milhões de habitantes, onde os rios e suas bacias, neste caso a do Limia, têm importância vital dentro do contexto global, são na nossa opinião necessárias mais acções integradoras, com o fim de unificarmos este potencial endógeno.
Algum dia será história a história daqueles homens e mulheres que deram vida à Primeira Corrida de Aventura, II Desafios Rutas do Xurés ligando Concelhos do Val do Limia. Iniciativas como esta de aventura, onde todas as vitórias são acima de tudo pessoais e o sucesso pode muitas vezes significar apenas o não desistir, que legitima uns e outros para criar germes de união entre estes povos transfronteiriços, que por outra parte o rio sempre unira.
Objectivos dos II Desafios Rutas do Xurés
- Promover as corridas de aventura na população activa, enquanto desporto pluridisciplinar de contacto com a natureza.
- Desenvolver a interacção desta modalidade desportiva com diferentes entidades da região Val do Limia, Parque Natural Baixa Limia e Serra do Xurés, Parque Nacional Peneda Gerês, Concelhos, Empresas, Colectividades e potenciar o saber acumulado da sua população.
- Realizar uma corrida de aventura que abarque diferentes tipologias de terreno, proporcionando aos atletas maior experiência de provas em condições variadas de clima, de altitude e de relevo.
- Oferecer aos aventureiros o conhecimento de um espaço importante para actividades de natureza no Norte de Portugal e Galicia, promovendo um impacto turístico equilibrado no Val do Limia e suas zonas protegidas.
Caracterização dos II Desafios Rutas do Xurés
DA SERRA AO MAR
O Parque Natural da Baixa Lmia e Serra do Xurés será o primeiro desafio para as equipas em prova, com caminhos difíceis e de declive acentuado e grandes massas de água tudo enquadrado pela beleza agreste deste Parque. A aventura continuará por zonas pouco povoadas, de grandes alternâncias de relevo, massas de água e ricas paisagens do Parque Nacional Peneda Gerês em direcção a Arcos de Valdevez – Ponte da Barca. Na fase seguinte já percorreremos zonas de núcleos urbanos mais povoados e terrenos menos acidentados e de cultivos, Ponte de Lima, conduzindo assim os aventureiros até ao mar, Viana do Castelo.
Desta forma, a orientação é a base para os aventureiros de canoa, de bicicleta, ou a pé, utilizando manobras de cordas – slide, rappel, paralelas, tirolesa, entre outras - dinâmicas de grupos, tiro com arco, etc, os participantes terão que encontrar a melhor solução para chegarem ao mar.
VAL DO LIMIA – RIO LIMIA
Pegando no lema “Val do Limia, um rio dois países”consideramos como nexo territorial o leito do rio, desde o nascimento (Sarreaus-Ourense) até à sua desembocadura em Viana do Castelo (Portugal). Desde a nascente em terras Galegas, o rio Limia recorre quase 130 km até chegar ao mar. No seu percurso na Galicia o rio sofre grandes transformações. A pequena linha de água inicial rapidamente se transforma num rio vigoroso ao ver o seu caudal aumentar com os afluentes que nele desembocam e entra na região do Minho (Portugal) através da fronteira da Madalena, junto à povoação do Lindoso, onde apresenta um caudal razoável. Circulando as águas até ali calmamente se precipitam através de uma região com relevo acidentado em direcção a Ponte da Barca, onde recebe o rio Vez. Actualmente as águas bravias dão origem a um aproveitamento hidroeléctrico, a barragem do Lindoso e do Touvedo. O rio Limia ao explorar o seu caminho em direcção ao mar vai-se enriquecendo com sedimentos e as suas águas, inicialmente frias, rápidas e transparentes, tornam-se calmas e turbas à medida que baixam as montanhas até às planícies que antecedem o mar.
BAIXA LIMIA – SERRA DO XURÉS
PARQUE NATURAL
O parque Natural Baixa Limia Serra do Xurés situase no Sudoeste da Provincia galega de Ourense, estendéndose polo sector extremo da comarca da Baixa Limia. Conta cunha superficie de 20.920 hectareas que abrange as zonas máis elevadas dos concellos de Entrimo, Lobios e Muiños que forman fronteira con Portugal e co Parque Nacional portugués da Peneda-Gerês.
A Declaración de Parque Natural en 1992 obedece a necesidade de protexe-la importante riqueza natural, orográfica paisaxística etnográfica e arqueolóxica desta zona. Pero tamén a utilización adecuada dos recursos dispoñibles pola súa boa xestión e aproveitamento, entre outros aspectos dende o punto de vista turístico.
A poboación actual dos tres concellos que integran o parque Natural suma un total de 7262 habitantes, (....) trátase dunha poboación regresiva na que predominan os maiores de 60 anos sobre os menores de 20.
Un dos grandes atractivos deste parque e a sua paisaxe que conxuga unhas serras agrestes com outras suaves e nas que a pedra granítica destaca pola súa grandeza. Esta contrastada e variada configuración paisaxistica constitúe unha beleza singular e outorgalle a este parque unha cualificación ecolóxica excepcional.
A auga é outro dos elementos físicos que ten unha presencia importante e destacada neste parque. Os regatos van creando canles a través das gretas das abas das serras ofrecendo unha visión espectacular para os ollos dos visitantes.
A comarca da Baixa Limia é unha zona de importantes e valiosos vestixios do pasado. O patrimonio, arqueolóxico, etnográfico, e hitórico remontase ao Paleolítico.
Parque Nacional da Peneda-Geres
Creado en 1971 a través del Decreto Ley 187/71 do 8 de maio, abrange unha area montañesa do Nordeste portugués com preto de 70 000 Hectareas que se extende polos distritos de Viana do Castelo (Concellos de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca), de Braga (Terras de Bouro) e de Vila Real (Montalegre), ao longo de 100 km de fronteira.
Dende o planalto de Castro Leboreiro ó Norte ata o da Mourela ó Este inclue grande parte das serras da Peneda , do Soajo, da Amarela e do Gerês, con algúns dos puntos máis altos de Portugal,.Gestoso (1337m), Outeiro Alvo,(1314)m, Pedrada (1416) Louriza (1355m) Borrageiro (1433)m Nevosa (1545) e cornos da Fonte Fría (1456m).
A interacción entre o home e a natureza ó longo dos tempos orixinou nos vales das liñas de auga máis importantes, unha paisaxe fortemente humanizada e o aparecemento de formas de cultura en que a estreita ligación á terra e ós animais é a marca dominante. Testemúñano ainda hoxe os seus 10 000 habitantes distribuidos por preto dunha centena de pobos.
A variedade paisaxística de microclimas e mesmo mineralóxica, os numerosos vestixios históricos resultantes de 50 séculos de ocupación, asociados á grande variedade de ecosistemas representativos de rexións naturais características pouco ou nada modificadas pola presencia humana, de elevado interes ecolóxico, científico e educacional xustifican o estatuto de Parque Nacional atribuido a esta área protexida.
Parque Transfronteirizo Geres-Xures
O 31 de Xullo de 1997 foi ratificado o acordo de cooperación entre o Parque Nacional Peneda-Geres (PNPG) e o Parque Natural Baixa Limia Serra do Xurés (PNBLSX) creándose así o Parque Transfronteirizo Geres-Xurés cunha area aproximada de 91.000Hectáreas.
Áreas graníticas montañosas cunha rede hidrográfica densa, con ecosistemas semellantes e cunha población de usos e costumes similaresde 10 000 habitantes no caso do PNPG e de 7 000 no PNBLSX, as duas áreas protexidas constitúen en múltiples aspectos e salvagardadas as diferencias que so enriquecen o noso patrimonio natural e cultural, unha realidade única que esixe unha colaboración permanente de defensa e valorización.
Mais que unha designación ou un estatuto formal o Parque Transfronterizo Gerês-Xurés pretende ser efectivamente o recoñecemento da necesidade dun esforzo común e articulado de salvagarda dos valores florísticos, faunísticos e paisaxísticos que as duas areas comparten. De feito os animais e as plantas, os ríos e as serras non recoñecen fronteiras. O lobo (Canis Lupus) unha das especies máis importantes en termos de conservación divide o seu territorio entre Portugal e Galicia/España. O lirio do Gerês,(Iris boissieri), especie emblemática do PNPG encóntrase tamén no Xurés. A cabra brava (Capra Pyrenaica) reintroducida en Galicia no final do 2000 xa iniciou a sua dispersión por territorio portugués. As augas do Limia percorren e alimentan terras portuguesas e galegas. Pero tamén o lume non obedece fronteiras como os cazadores furtivos que persiguen a presa polas duas areas, Polo que é maior a conciencia da importancia de estratexias comúns ou articulados (ex. plano de ordenamento) de protección e xestión deste territorio continuo.
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